segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sem MEDO


Uma história, um conto, um fato criado por Mário Jr.

Ele saiu de casa, quando tinha seus 15 anos, e resolveu encontrar o mundo lá fora de uma forma diferente, experimentou todos os tipos de costumes, gostos e vontades. Mandou a mãe se fuder, porque o que queria mesmo era enfrentar o NOVO, e ver que o que passou não vale mais apena pra nada. Encontra o preconceito de cara, as pessoas o viam na rua e achava que ele era “pilantra, baitola ou ate mesmo roqueiro” só porque fazia o que gostava o que dava na teia.
http://www.portalcostanorte.com/v1/thumbnail.php?file=menino_drogado_115807241.jpg&size=article_mediumDrogou-se aos 16, porque sabia que aquilo era bom, pelo menos era o que sentia quando estava com uma fila de pó, e um papel enrolado cheirando aquela coisa branca. Uma coisa, que todos já tiveram curiosidade de fazer, ele jurou.
Encontrava as crianças na rua, e via ele no passado, catando latinha para comprar fubá e feijão pra mãe dá para seus irmãos, e que irmãos, fingiam estudar apenas para conseguir merenda, essa merda de merenda escolar dada pelo governo.
Agora era homem, talvez porque pudesse votar, e conseguir um bujão de Gás, ou dois ou cinco contos de réis para comprar mais um maço de cigarros, ou meio grama de pedra de crack em troca de seu voto.
Acordava cedo, tinha vontade beber ate anoitecer, não conseguia afinal sua mente não concordava sempre com seu apetite voraz.
Sonhos? Ele achava que tinha talvez o de infância de ser advogado ou médico, porque dava dinheiro, e sua mãe não ia lhe dá de comer, pra depois ter seu filho sendo ator ou cantorzinho de bar, porque cultura não é negocio de cabra macho. E pra ser homem naquela família, tem que ser mal educado, pisar em cima de tudo e falar grosso, sim falar grosso.
Resolve ir pra escola novamente, agora sem a mãe enchendo o saco dele pra fazer aquela porra de atividade para casa. Porque o que ele queria, era aprender a ler… nem que seja a marca do cigarro que fumava.
Tá desculpa… ele tinha nome, só não sabia qual era talvez porque seu pai tivesse sido queimado no dia que foi registrar ele, e o nome dele foi queimado junto, com os papeis que estava no bolso dele. A mãe não se lembra ate hoje, de tanta porrada que já levou do Mesclado (o padrasto). Mas o pessoal da rua o chamava de Sem medo, porque ele realmente não tinha medo de nada, ou fingia não ter. Pegava em cobras, passava por brasa de fogueira, quebrava tijolos na mão... Eu posso ainda duvidar dos medos dele, será que ele não tinha medo de ver quem realmente ele é?
_
Pois bem, o Sem medo, agora estava entre a vida e  morte, não se sabia o que ele tinha, nem de onde vinha, só que estava pra morrer. Talvez agora ele pudesse ir embora de uma vez por toda dessa terra que ele chamava de “puta merda”, porque afinal ela (a terra) nunca era a favor dele, nunca.
Chega o médico, com um monte de raios-X, talvez uma queda de bicicleta, jogando bola ou ate mesmo tentando se suicidar, por mais que ele garantisse que só morria, quando deus quisesse. Muitas perfurações pelo corpo, todos do hospital, estavam com medo, porque aquele garoto agora estava para morrer, e que a memória dele pouco tarde ia falhar, e ele não ia mais saber quem ele foi ou é. Mas do que adiantaria?
_
22h35min da noite, lá estava ele deitado na cama, em coma induzido. Ninguém da família apareceu.
E logo no outro dia, os aparelhos confirmaram a morte do garoto, garoto aquele que agora tinha perdido a vida, se é que isso foi vida.
Eu tenho pena, muita pena… Mas às vezes sofro junto com ele, pois só queria fazer o que gosta… mais nada.
http://cyberdiet.terra.com.br/cyberdiet/imagens/interacao/original/6/de-onde-vem-seu-medo-6-40.jpgNo atestado de óbito, colocaram a causa de morte: “Veio a óbito por fraturas no corpo e no crânio”. É realmente teve isso, mais aquele garoto tinha morrido mesmo por ter levado uma surra no bairro, de um bocado de soldados que pegou ele roubando a uma loja da esquina. E agora, ninguém sabia. Afinal eles eram soldados, tinha todo direito de fazer aquilo, e depois o jogar do 2° andar da delegacia.
Puta sacanagem, o sem medo agora descansa na laje fria da sepultura, ou no quintal do hospital.
Logo agora, que eu estava gostando dele.
Deve ser por isso, pra ser bom tem que partir.
Tem que partir, “SEM MEDO”.

0 comentários:

Postar um comentário